quinta-feira, 10 de junho de 2010

EVANGÉLICOS CONTRA A FIFA


A Associação de Pastores Evangélicos do Paraguai (Apep) expressou em nota, no último dia 08/06/2010, sua desaprovação quanto às normas vigentes na FIFA, sobre as proibições de manifestações religiosas e que também serão válidas na Copa do Mundo da África do Sul.

A Apep, que reúne quase 1.800 pastores evangélicos cristãos, informou em comunicado, sobre sua postura, logo após receber correspondências e ligações telefônicas de diferentes países, nas quais expressam a preocupação pela suposta proibição de orar durante o Mundial da África do Sul.

O referido documento menciona ainda, que tal proibição é atribuída ao presidente da FIFA, Joseph Blatter, que, segundo o texto, "teria manifestado que a oração incentiva a violência".

De acordo com citado documento, a Apep sustenta: "...que a oração nunca foi motivo para incentivar a violência" e que a mesma "incentiva a amizade, a fraternidade, a unidade, a tolerância e a paz"....

Continua ainda o citado texto: "...Também recebemos a denúncia, de que a FIFA proibiria, por exemplo, que um jogador mostre uma camisa com alguma inscrição relacionada a sua fé....".

Arguiu ainda a referida Associação, em seu documentário, que esta atitude é inadmissível, porque atenta contra a liberdade religiosa e a liberdade de consciência, direitos consagrados em todas as Constituições Nacionais dos cinco continentes.

Conclui a presente nota, que os pastores evangélicos paraguaios, cujo país participará pela quarta vez consecutiva de um Mundial, solicitaram encarecidamente às autoridades da FIFA, no caso em que as denúncias em que eles fizeram sejam verídicas, que a FIFA deixe sem efeito as supostas proibições da oração e expressão de fé durante a competição.

Pois bem.

A luz da verdade, o ser humano é propício a realizar uma mistura nas coisas em que estão em sua volta. Acredito, que uma pessoa sábia, racional, consciente e equilibrada, saberá sempre distinguir as cosas boas e as coisas más, ou seja, o que é racionalidade e o que é fanatismo.

Atualmente, vivemos em um mundo em que há diversidades de opiniões, crenças, gostos, etc. Há lugares (Estados/Países) em que a democracia é a máxima e serve de albergue para o bom convívio e o progresso sócio-intelectual da humanidade, mas percebemos que também há lugares em que a ditadura, a censura e a imposição, é tida como a única solução para se colocar um freio na liberdade de expressão, perante uma sociedade dita como desenvolvida.

No mundo há quem acredite em Deus, e também há quem não acredite; há quem pratique uma religião “a’ e quem pratique uma religião “b”, mas todos somos seres humanos, com as desigualdades que nos são peculiares.

Por esse motivo, cada um deve agir da maneira como quiser, desde que não agrida a opinião e o pensamento do seu próximo, ou seja, do outro.

Por isso, entendo, que essa atitude tomada pelo representante maior da comunidade futebolística (FIFA), em tentar proibir que alguém faça uma oração no gramado do campo de futebol ou demonstre a sua posição religiosa, com certeza, é uma atitude contrária a pacificação, a convivência e a harmonização social.

Tudo aquilo que é imposto, é desagradável. Cada um é o que é, já dizia uma adágio popular. Nos tempos modernos, não é inteligente as pessoas criarem uma discussão por tão pouco. A liberdade religiosa, de expressão, de crença é albergada por quase todas as constituições existentes no mundo.

É bem verdade, que ninguém é obrigado a aceitar a crença, o gosto ou a religião de ninguém, mas todas as religiões devem ser devidamente respeitadas, dentro do padrão social em que se vive.

Por outro lado, acredito, sem sombra de dúvidas, que há certo exagero, por parte de alguns religiosos, que tentam a todo o momento, mostrar ao mundo o seu credo religioso, e esse exagero já chegou e se instalou nos estádios de futebol, com as atitudes exageradas de alguns jogadores, que tentam empurrar, “de goela abaixo”, o deus que eles supostamente servem.

Não devemos misturar as coisas, futebol com religião, isso não tem nada a ver. Deus não está ligado ao futebol e nem o futebol a Deus, por isso, se a pessoa se diz um jogador profissional, consequentemente ele deve se submeter às regras que lhes são estabelecidas, com o clube ou com a confederação que dita as regras gerais.

Se essa situação não for regulada, a coisa pode tomar um rumo tão incerto e preocupante, podendo chegar até a haver conflitos entre alguns jogadores de divergentes religiões ou até mesmo por parte da torcida de distintas religiões.

Assim sendo, vejo essa imposição da FIFA como salutar e preocupante ao mesmo tempo.

Preocupante, porque a imposição colocada pela FIFA, não é vista nesse caso como um bom caminho a se seguir, em respeito ao princípio da liberdade de expressão, de crença e de religião, mas legalmente é válida, tendo em vista de que a referida instituição tem legitimidade e competência absoluta, para regular as regras referentes ao futebol, assim como ao que acontece dentro do campo.

Salutar, porque serve de alerta para que os jogadores tenham mais cautela, quando forem demonstrar ao mundo, a religião que professam, pois ninguém é obrigado a aceitar a minha ou a sua religião, em obediência ao princípio do livre arbítrio.

Se os jogadores forem mais pensantes e mais sábios, verão que têm os vestiários para eles fazem as suas respectivas orações, pois lá a FIFA não tem competência para se intrometer na vida pessoal de cada um.

É o que tenho a dizer sobre o caso FIFA.

Eudes Borges

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