Ao longo da vida temos aprendido erroneamente que
Jesus foi crucificado num determinado dia da semana que na verdade não condiz
com a realidade e nem com a fé racional. Enquanto a igreja tradicional comemora a
crucificação de Jesus na sexta-feira santa, há muitos que não aceitam esse dia
como sendo o verdadeiro.
Há três teorias sobre o assunto, motivo
pelo qual, irei discorrer, de forma sucinta, sobre cada uma delas, para chegar
a conclusão sobre o verdadeiro dia da semana em que de fato ocorreu a morte física
de Jesus.
Pois bem. A primeira teoria defende que a morte de Jesus se deu na QUARTA-FEIRA e a ressurreição
teria ocorrido no sábado. Para tal, apoia-se num único versículo da Bíblia, o
qual Jesus se referiu ao sinal de Jonas. (Mateus, capítulo 12, versículos 39 e
40).
Sustenta ainda, que naquela semana houve dois Shabats, um
religioso e um semanal, sendo o segundo não relatado, porém subentendido.
Finalmente, defende a seguinte
cronologia dos últimos dias de Jesus na terra:
1. A morte teria ocorrido na quarta-feira
às 15:00 horas (hora nona) Marcos 15, vers. 34/37.
2. O sepultamento teria acontecido
ao anoitecer do mesmo dia, iniciando a contagem – Primeira noite (quarta-feira).
3. Houve descanso do Shabat da
páscoa – primeiro dia e segunda noite (quinta-feira).
4. As mulheres saíram para comprar e
preparar os aromas – Segundo dia e terceira noite (sexta-feira).
5. Teve o descanso do Shabat semanal
e a ressurreição – Terceiro dia (sábado).
6. As mulheres foram ao sepulcro ao
iniciar o primeiro dia da semana (domingo) e encontraram o túmulo vazio.
Assim, os membros desta corrente
teológica entendem que Jesus teria que passar morto, setenta e duas horas, sem
um segundo a menos ou a mais, o que é tarefa difícil de provar, conforme irei
transcorrer durante a terceira teoria, mais adiante.
Já a teoria
tradicional que define a SEXTA-FEIRA como sendo o dia da morte de Jesus, é baseada em
Marcos, capítulo15, versículo 42 que diz que a crucificação ocorreu no dia da
preparação “o dia antes de sábado”.
Obviamente que por essa corrente tradicional, não
há três dias e três noites entre a sexta-feira e domingo de manhã. Note que só
há duas noites e dois dias.
É muito incoerente, do ponto de vista lógico e
racional, acreditar que a morte de Jesus teria acontecido na sexta, já que desse
dia até o domingo tem um lapso temporal de 01 dia, senão vejamos:
·
A morte e crucificação teria ocorrido entre às
12 e 15 horas da sexta-feira;
·
No sábado houve descanso (aqui faz 24 horas,
ou seja, 01 dia);
·
No domingo teria acontecido a ressurreição
(aqui faz apenas 48 horas, ou seja, dois dias).
Diante disso, também não deve prosperar a tese
defendida por essa segunda corrente doutrinária, tendo em vista a existência do
lapso temporal de 01 dia, motivo pelo qual, este autor comunga com o
entendimento da terceira e última teoria
teológica, que defende que a morte física de Jesus ocorreu na QUINTA-FEIRA e a ressurreição
no domingo pela manhã. Explico.
Segundo as escrituras, bem como os relatos
históricos, a crucificação aconteceu no período da páscoa hebreia, mais
precisamente no mês de Nissan. Logo, para chegarmos a conclusão sobre o dia
real da crucificação é necessário fazer uma breve explicação sobre a festa
pascal e sobre o referido mês de Nissan. Vejamos:
Nissan é o nome dado ao primeiro mês do
calendário judaico religioso, que se inicia com a primeira lua nova da época da
cevada madura em Israel e marca o início da primavera no hemisfério norte.
Neste mês os judeus comemoram a páscoa, que significa à libertação de Israel do
regime escravo no Egito (Êxodo, capítulo 12 em diante).
A páscoa é celebrada no dia 15 do mês Nissan
(Levítico, capítulo 23, versículos 5 e 6) e Jesus foi crucificado justamente
nesse período pascal. Observe que em Marcos, capítulo 15, versículos 42 e 43 está
escrito que José de Arimatéia desejada tirar o corpo de Cristo da cruz antes
que o Shabat[1] (sábado) começasse.
É importante lembrar que os dias
hebraicos são contados de pôr do sol a pôr do sol, assim, cada dia começa no
pôr do sol da tarde anterior. Esses seis períodos tarde-até-manhã são
importantes para nossa compreensão de todas as festas do Antigo Testamento,
particularmente as festas de Páscoa, dos Pães Ázimos e das Primícias.
Diante disso, dá para fazer um breve
retrospecto daquela semana, para assim comprovar se matematicamente coincide
com a quinta-feira, como sendo o dia da semana em que Jesus foi morto
fisicamente. Vamos a contagem dos seis
dias que antecederam a morte de Cristo:
Ocorrências
do sábado - 8º dia de Nissan:
· 6 dias antes da Páscoa Jesus chegou
a Betânia, que ficava localizada a 6 km de Jerusalém (João, capítulo 12,
versículo 1).
· À noite, Jesus jantou na casa de
Lázaro.
· O Senhor Jesus foi ungido por
Maria Madalena (Mateus, capítulo 26, versículos 6/11).
· Também permaneceu na casa de
Simão, o leproso, onde foi oferecido um jantar (na mesma casa onde Maria
derramou o bálsamo sobre os pés dele).
Ocorrências
do domingo - 9º dia de Nissan:
· Nesse dia, Jesus entrou em Jerusalém
(João, capítulo 12, versículo 13).
· Nesse mesmo dia também purificou
o templo expulsando os cambistas e ao final voltou para Betânia e pernoitou por
lá (Mateus, capítulo 21, versículos 12 e 13 e 17).
Ocorrências
da segunda-feira - 10º dia de Nissan:
· Na segunda-feira, o Senhor Jesus
voltou à cidade de Jerusalém e no caminho amaldiçoou a figueira (Mateus,
capítulo 21, versículos 18 e 19).
· Os saduceus questionaram sobre a
ressurreição (Mateus, capítulo 22, versículos 23/33).
Ocorrências
da terça-feira - 11º dia de Nissan:
· Na terça-feira, o Senhor Jesus
esteve no monte das Oliveiras ensinando aos seus discípulos (Mateus, capítulo
24, versículos 3 ao 26).
· Nesse mesmo dia, também disse aos
discípulos: “Bem sabeis que daqui a dois dias é a páscoa; e o Filho do homem
será entregue para ser crucificado” (Mateus, cap.26, versículo 2).
Ocorrências
da quarta-feira - 12º dia de Nissan:
· Na quarta-feira, o Senhor Jesus
mandou Pedro e João fazer os preparativos para a grande e última ceia (Mateus,
capítulo 26, versículo 17 ao 19).
· Ressuscitou Lázaro neste mesmo dia
- véspera de sua morte (João, capítulo 11, versículos 17 ao 45).
· Ceou com seus discípulos (João,
capítulo 13, versículos 1 e 2).
· Lavou os pés dos apóstolos antes
da festa da páscoa. (João, cap. 13, versículos 1/ 12).
· Nesse mesmo dia, após a ceia, foi
para o jardim do Getsêmane e lá foi preso à noite (João, capítulo 18,
versículos 1 ao 12).
Ocorrências
da QUINTA-FEIRA - 13º dia de Nissan (O
dia da crucificação e morte):
· Na quinta-feira, O Senhor Jesus foi
levado a julgamento diante de Pilatos, de manhã bem cedo, após a reunião do
Sinédrio que ocorrera durante a noite e madrugada (Marcos, capítulo 15,
versículo 1).
· Recebeu a sentença de morte durante o
julgamento diante de Pilatos, por volta das 9:00hs (Marcos, capítulo 15,
versículo 15).
· Nesse mesmo dia foi crucificado
por volta das 12 horas (Mateus, cap. 27, versículo 45).
· Sua morte ocorreu por volta das
15horas (Mateus, capítulo 27, versículos 45 ao 50).
Ocorrências
da sexta-feira - 14º dia de Nissan (O
dia do enterro):
· Na sexta-feira, Ele foi sepultado
(Marcos, capítulo 15, versículos 42 ao 46).
Ocorrências
do sábado - 15º dia de Nissan (O dia do
descanso judaico):
· O apóstolo João faz menção de um
“grande dia de sábado” (João, capítulo 19, versículo 31), o dia do descanso
judaico. Ninguém faz nada nesse dia.
Ocorrências
do domingo - 16º dia de Nissan (O dia da
ressurreição):
· O domingo foi o dia da ressurreição. Diz a
Bíblia que havendo Ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia da semana,
apareceu primeiro a Maria Madalena (Marcos, capítulo 16, versículo 9).
· No mesmo domingo, na alta
madrugada, foram elas ao túmulo, levando os aromas que haviam preparado e viram
a pedra removida (Lucas, capítulo 24, versículo 1).
· Nesse mesmo dia, ao cair da
tarde, Jesus apareceu para os seus discípulos e disse-lhes: Paz seja convosco!
(João, capítulo 20, versículo 19).
Pois é, meu amigo e minha amiga! Depois de fazer
essa vasta explanação sobre os últimos dias da vida de Jesus aqui nessa terra,
não há como sustentar a teoria tradicional que defende a sexta como sendo o dia
da morte de Jesus, porque matematicamente não bate, haja vista que está
faltando
um dia até a ressurreição.
Da mesma maneira, não há como sobreviver a tese que
defende que a morte dele ocorreu na quarta-feira, haja vista que a ressurreição
sucedeu no domingo, o que também contraria a matemática, porque se assim fosse,
teríamos 04 dias e não três, entre a morte e a ressurreição.
Assim sendo, não resta alternativa, a não ser usar
a fé racional e lógica, para concluir que a crucificação e morte física de Jesus aconteceu
na quinta-feira, entre o meio dia e as 15 horas, já que esta data ocorreu
justamente no 13º dia do mês Nissan e a ressurreição aconteceu no domingo, 16º
dia daquele mês sagrado.
É o que tem a relatar,
Eudes
Borges