“Atribuir-se
a terceiro falsa identidade para obter vantagem em proveito próprio ou alheio,
ou para causar dano a outrem”.
Hoje estava lendo a Bíblia e Deus falou
comigo. Mostrou-me a história de Jacó, que com certeza explica o motivo do
sofrimento de muitas pessoas que estão com as vidas destruídas, pagando um
preço por causa de um erro cometido no passado.
Pois bem. A história mostra que Isaque
teve dois filhos, o primeiro se chamava Esaú e o segundo Jacó. Diz ainda o
manuscrito que havia uma tradição religiosa denominada “ O PASSAR DA BENÇÃO”.
Era uma espécie de consagração que o filho mais velho recebia do pai. Através
da imposição de mãos se transferia a benção de Deus para o referido
primogênito.
Como dito, Isaque era pai de Esaú e de
Jacó, respectivamente, e de acordo com a tradição religiosa, quando Isaque
estivesse prestes a morrer, deveria passar a benção de Deus para o seu filho
mais velho Esaú.
Ocorre que, Esaú era um cara que não
dava valor as cosias espirituais professadas pelo pai. Não levava a sério e por
isso, não dava valor ao direito de primogenitura.
Por sua vez, Jacó, ao contrário de Esaú,
dava muito valor as promessas advindas da fé de seu pai Isaque e, percebendo
que seu irmão desprezava esse direito de ser abençoado pelo pai, agiu de forma trapaceira
e desonesta, com o fito de “roubar essa benção”.
Pois bem. Essa história começa a ser
contada no Capítulo 27 do Livro de Gênesis: “...Quando
Isaque já estava velho, e se lhe enfraqueciam os olhos, de maneira que não
podia ver, chamou a Esaú, seu filho mais velho, e disse-lhe: Meu filho! Ele lhe
respondeu: Eis-me aqui! Disse-lhe o
pai: Eis que agora estou velho, e não sei o dia da minha morte; toma, pois, as
tuas armas, a tua aljava e o teu arco; e sai ao campo, e apanha para mim alguma
caça; e faze-me um guisado saboroso, como eu gosto, e traze-mo, para que eu
coma; a fim de que a minha alma te abençoe, antes que morra...” (Gênesis 27, 1
ao 4).
Aqui é chegado o momento da transmissão
da benção. Isaque estava cego e prestes a morrer e mandou seu filho mais velho lhe
preparar uma oferta para a cerimônia da transmissão da benção.
Ocorre que, ao ouvir a conversa, a mãe
de Jacó lhe orientou para que o mesmo trapaceasse seu irmão, fazendo-se passar
por ele, com o fito de receber a imposição das mãos e a tão esperada benção de
Deus em sua vida.
Cuida registrar, que havia uma diferença
física entre os dois irmãos, mas mesmo assim, Jacó e sua mãe, aproveitando-se
da cegueira do abençoador, armaram uma trapaça para que o mesmo se passasse por
ele, usando pelos de animais em seu corpo.
Aconteceu aqui a troca de identidade,
motivo da desgraça de Jacó: “...Disse então
Rebeca a Jacó, seu filho: Eis que ouvi teu pai falar com Esaú, teu irmão,
dizendo: Traze-me caça, e faze-me um
guisado saboroso, para que eu coma, e te abençoe diante do Senhor, antes da
minha morte. Agora, pois, filho meu,
ouve a minha voz naquilo que eu te ordeno: Vai ao rebanho, e traze-me de lá das
cabras dois bons cabritos; e eu farei um guisado saboroso para teu pai, como
ele gosta; e levá-lo-ás a teu pai, para que o coma, a fim de te abençoar antes
da sua morte. Respondeu, porém, Jacó a Rebeca, sua mãe: Eis que Esaú, meu irmão,
é peludo, e eu sou liso. Porventura meu pai me apalpará e serei a seus olhos
como enganador; assim trarei sobre mim uma maldição, e não uma bênção. Respondeu-lhe
sua mãe: Meu filho, sobre mim caia essa maldição; somente obedece à minha voz,
e vai trazer-mos. Então ele foi, tomou-os e os trouxe a sua mãe, que fez um
guisado saboroso como seu pai gostava. Depois Rebeca tomou as melhores vestes
de Esaú, seu filho mais velho, que tinha consigo em casa, e vestiu a Jacó, seu
filho mais moço; com as peles dos
cabritos cobriu-lhe as mãos e a lisura do pescoço; e pôs o guisado saboroso e o pão que tinha
preparado, na mão de Jacó, seu filho. E veio Jacó a seu pai, e chamou: Meu pai!
E ele disse: Eis-me aqui; quem és tu,
meu filho? Respondeu Jacó a seu pai: Eu sou Esaú, teu primogênito; tenho feito
como me disseste; levanta-te, pois, senta-te e come da minha caça, para que a
tua alma me abençoe. Perguntou Isaque a seu filho: Como é que tão depressa a
achaste, filho meu? Respondeu ele: Porque o Senhor, teu Deus, a mandou ao meu
encontro. Então disse Isaque a Jacó: Chega-te, pois, para que eu te apalpe e
veja se és meu filho Esaú mesmo, ou não. chegou-se Jacó a Isaque, seu pai, que
o apalpou, e disse: A voz é a voz de Jacó, porém as mãos são as mãos de Esaú.
E não o reconheceu, porquanto as suas mãos estavam peludas, como as de Esaú seu
irmão; e abençoou-o. No entanto perguntou: Tu és mesmo meu filho Esaú? E ele
declarou: Eu o sou. Disse-lhe então seu pai: Traze-mo, e comerei da caça
de meu filho, para que a minha alma te abençoe: E Jacó lho trouxe, e ele comeu;
trouxe-lhe também vinho, e ele bebeu. Disse-lhe mais Isaque, seu pai:
Aproxima-te agora, e beija-me, meu filho. E ele se aproximou e o beijou; e seu
pai, sentindo-lhe o cheiro das vestes o abençoou, e disse: Eis que o cheiro de
meu filho é como o cheiro de um campo que o Senhor abençoou. Que Deus te dê do
orvalho do céu, e dos lugares férteis da terra, e abundância de trigo e de
mosto; sirvam-te povos, e nações se encurvem a ti; sê senhor de teus irmãos, e
os filhos da tua mãe se encurvem a ti; sejam malditos os que te amaldiçoarem, e
benditos sejam os que te abençoarem..” (Gênesis 27, vers. 6 ao 29).
Ele se passou por Esaú, com o fito de
receber a benção que era de seu irmão. Trocou sua identidade e, como consequência,
pagou muito caro por isso, como veremos a seguir.
Pois bem. Logo depois da trapaça, chegou
o seu irmão Esaú e ficou sabendo do ocorrido, tendo recebido a seguinte
informação do pai: “...Tão logo
Isaque acabara de abençoar a Jacó, e este saíra da presença de seu pai, chegou
da caça Esaú, seu irmão; e fez também ele um guisado saboroso e, trazendo-o a
seu pai, disse-lhe: Levantate, meu pai, e come da caça de teu filho, para que a
tua alma me abençoe. Perguntou-lhe Isaque, seu pai: Quem és tu? Respondeu ele:
Eu sou teu filho, o teu primogênito, Esaú. Então estremeceu Isaque de um
estremecimento muito grande e disse: Quem, pois, é aquele que apanhou caça e ma
trouxe? Eu comi de tudo, antes que tu viesses, e abençoei-o, e ele será
bendito. Esaú, ao ouvir as palavras de seu pai, bradou com grande e mui amargo
brado, e disse a seu pai: Abençoa-me também a mim, meu pai! Respondeu Isaque:
Veio teu irmão e com sutileza tomou a tua bênção. Disse Esaú: Não se chama ele
com razão Jacó, visto que já por duas vezes me enganou? tirou-me o direito de
primogenitura, e eis que agora me tirou a bênção. E perguntou: Não reservaste
uma bênção para mim? Respondeu Isaque a Esaú: Eis que o tenho posto por senhor
sobre ti, e todos os seus irmãos lhe tenho dado por servos; e de trigo e de
mosto o tenho fortalecido. Que, pois, poderei eu fazer por ti, meu filho? Disse
Esaú a seu pai: Porventura tens uma única bênção, meu pai? Abençoa-me também a
mim, meu pai. E levantou Esaú a voz, e chorou...” (Gênesis 27,
31/38).
Chorou amargamente Esaú, prometendo
matar o seu irmão Jacó, por causa da fraude cometida por ele: “...Esaú, pois, odiava a Jacó por causa da bênção
com que seu pai o tinha abençoado, e disse consigo: Vêm chegando os dias de
luto por meu pai; então hei de matar Jacó, meu irmão...” (Gênesis, 27,
41).
Aqui começou a desgraça na vida de Jacó.
Com a morte de seu pai, Esaú jurou lhe matar, obrigando-o a fugir da aldeia.
Pois bem. É aqui que quero mostrar as
consequências da troca de identidade. A partir desse momento, a vida de Jacó
nunca mais foi a esma. Teve que viver como fugitivo. Nunca mais teve paz.
O orgulho, a prepotência e o engano eram
seus companheiros, já que mentiu para o pai, com o fito de roubar a benção do
seu irmão.
Tanto é que anos mais tarde, depois de sofrer
perambulando pelas terras alheias, pagando o preço na vida financeira e
sentimental, já que trabalhou feito escravo para se casar com sua esposa amada
(Raquel), Deus resolveu lhe dar uma chance, já que o mesmo havia recebido a
benção de primogenitura, ainda que de forma indevida.
No capítulo 32, Deus aparece para ele. A
Bíblia mostra a ocorrência de uma luta entre Jacó e um Anjo. Ora, entende-se
que esse anjo era o Próprio Deus. Jacó lutou fisicamente com esse anjo durante
toda a noite e já ao amanhecer, o anjo lhe deu um golpe, que rompeu os
ligamentos da coxa: “...Quando este
viu que não prevalecia contra ele, tocou-lhe a juntura da coxa, e se deslocou a
juntura da coxa de Jacó, enquanto lutava com ele...” (Gênesis 32,
25).
Jacó sabia que aquele homem era Deus e
por isso não queria deixa-lo ir embora, sem antes receber o perdão e a benção: “...Jacó, porém, respondeu: Não te deixarei ir, se
me não abençoares...” (Gênesis 32, vers. 26).
Ora, o problema de Jacó era com Deus e
não com o homem. Ele tinha que se resolver com Deus primeiro. Tanto é que o
anjo lhe perguntou quem ele era e o mesmo respondeu: JACÓ (Gênesis 32, vers.
27).
Observe que até aqui ele se passava por
Esaú, mas agora ele revelou seu nome correto. Deus sabia o nome dele, mas
queria que ele falasse a verdade, já que havia mentido para o pai, com o fito
de receber a benção do irmão. Ele havia trocado a identidade.
Aqui ele resolveu o problema dele com
Deus e como consequência, teve o nome mudado pelo Próprio Deus: “...Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas
Israel; porque tens lutado com Deus e com os homens e tens prevalecido...” (Gênesis 32,
versículo 28).
Pois é meu amigo e minha amiga, quando o
nosso problema é com o homem ou com o diabo, é fácil de resolver, pois temos
Deus com parceiro para nos ajudar e nos dar a vitória; mas quando o nosso
problema é com Deus, aí fica impossível de resolver.
Com Deus ninguém pode e somente a Sua
misericórdia, associada ao arrependimento do homem, pode trazer a resposta e a
solução Divina.
O problema de Jacó era contra Deus,
quando ele trocou a sua identidade para obter a benção do irmão e por isso ele tinha
que se resolver com o Soberano, do contrário, não iria vencer nunca.
A partir daí a sua vida mudou. Com a
resolução do problema dele com Deus e com o recebimento de um novo nome,
Israel, o antigo Jacó, passou a ser de fato e de verdade abençoado. Reatou sua
vida com o irmão e teve dias de paz e de vitórias: “...Então
Esaú correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e lançou-se sobre o seu pescoço, e
beijou-o; e choraram...” (Gênesis 33, v.4).
Com isso meu caro leitor, aprendemos que
a troca de identidade, que é “atribuir-se a terceiro falsa identidade para
obter vantagem em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem”,
traz sérios prejuízos para a vida do trapaceador. Seja você mesmo. Jamais tente
enganar ninguém. Veja que Jacó teve o incentivo de sua própria mãe, mas se
tivesse caráter não cometeria mencionado crime.
Somente quando se arrependeu e resolveu
seu problema com Deus, teve a resposta para o seu sofrimento.
Tenho certeza que não há problemas sem
causa, motivo pelo qual, deixo essa reflexão para que você veja se o motivo do
teu sofrimento não é o mesmo de Jacó, a troca de identidade. Pense nisso.